Entre 2011 e 2015, o número de suicídios cresceu 12% no Brasil. As estatísticas apontam que o suicídio é mais frequente entre jovens entre 15 e 29 anos, entre indígenas, no grupo dos idosos com mais de 70 anos, e proporcionalmente à população, na região sul do Brasil.
O tema foi debatido em audiência pública nesta terça-feira (26) com a presença de autoridades e especialistas no assunto. A audiência foi promovida pelos vereadores Fernando Hallberg (PPL), Gugu Bueno (PR), Olavo Santos (PHS), Pedro Sampaio (PSDC) e Policial Madril (PMB). Estiveram presentes também o promotor Ângelo Mazzuchi Santana Ferreira, a delegada Mariana Vieira da Delegacia de Homicídios, a gerente da Divisão de Saúde Mental Iara Agnes Bach da Costa, o psiquiatra Fabiano Agostinho, a psicóloga Deise Rosa, Maria Vilma Aguirre, coordenadora do SIM/PR, Maribel Lopes, coordenadora do Caps/AD e Eliane Giacomelli, do Consultório na Rua.
O tema, considerado tabu nas famílias, escolas e também na imprensa, deve ser debatido com foco na prevenção. O psiquiatra Fabiano Agostinho abordou o assunto na audiência e salientou a necessidade de alertar as famílias para o aumento de 30% nos índices de suicídio entre jovens nas últimas décadas. Agostinho chamou a atenção ainda para os fatores de risco: 90% das vítimas apresentavam pelo menos um transtorno psiquiátrico, especialmente a depressão, considerada o principal fator de risco para o suicídio. Além disso, alcoolismo e uso de drogas, esquizofrenia; questões sociodemográficas, como isolamento social; psicológicos, como perdas recentes; e condições clínicas incapacitantes, como lesões desfigurantes, dor crônica, neoplasias malignas são também consideradas fatores de risco importantes.
“O município de Cascavel já tem uma rede funcionando e tem trabalhado de forma intersetorial, envolvendo desde a atenção básica nas UBSs até o atendimento especializado de psiquiatria e psicologia”, afirmou Iara da Costa. A delegada Mariana Vieira relatou que foram registrados 14 suicídios no município neste ano, estatística comentada pela responsável pelo SIM/PR, Maria Vilma. Para ela, além de esforços de prevenção é necessário que estejam disponíveis leitos para receber aqueles que tentam tirar a própria vida e precisam de atenção imediata.
Na agenda estratégica de prevenção ao suicídio estão a ampliação e maior divulgação do CAPS (Centro de Apoio Psicossocial) e implantação de um serviço de atendimento gratuito nos moldes do CVV (Centro de Valorização da Vida), que atenda por um número 0800. O último levantamento do Ministério da Saúde apontou que nos locais onde existem centros de apoio – 2.463 unidades no Brasil –, o risco de suicídio pode ser reduzido em até 14%.
Ao fim da audiência foram definidos como encaminhamentos a capacitação das equipes de atenção básica e interdisciplinar para atuar na prevenção ao suicídio no prazo de três anos; criação de um serviço gratuito de telefone e e-mail para atendimento gratuito do tipo CVV; estudos para implantação de ações na rede para ajudar as famílias a lidar com a prevenção ao suicídio, à depressão e evitar o abuso de drogas e álcool; fortalecimento do Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes); aprovação de um projeto de lei instituindo a campanha Setembro Amarelo, com atividades a cada ano para tratar do assunto e um dia específico para que seja o marco de um grandioso trabalho de prevenção ao suicídio.
Assessoria de Imprensa/CMC