​“Quem dera a Delegacia da Mulher não fosse mais necessária”, afirma delegada em audiência pública

No Brasil, acontecem cinco espancamentos a cada dois minutos, um estupro a cada 11 minutos, um feminicídio a cada 90 minutos e mais de um milhão de relatos de agressão em 2016. Segundo o Banco Interamericano De Direitos Humanos, uma em cada cinco faltas ao trabalho no mundo é motivada por agressões ocorridas no espaço doméstico e as mulheres em idade reprodutiva perdem até 16% dos anos de vida saudável como resultado dessa violência. Os dados foram apresentados por Raisa de Vargas Scariot, delegada de Polícia e titular da Delegacia da Mulher de Cascavel, que fez a exposição técnica da audiência pública realizada na última quarta-feira (21), na Câmara. “Estes números infelizmente não diminuem. Quem dera não fosse mais necessário termos uma delegacia específica para atender a violência contra a mulher”, destaca Raisa.

A audiência foi proposta pelos vereadores Policial Madril, Fernando Hallberg e Gugu Bueno. O debate aconteceu no plenário do Legislativo e contou com a participação de Mariana Manso Vieira, titular da Delegacia de Homicídios de Cascavel; Denise Rauber, capitã do 6º Batalhão da Policia Militar; Fabio Tomasetto, coordenador de programas da Secretária de Saúde; Hudson Moreschi, secretário municipal de Assistência Social; Bruna de Oliveira e Elias da Silva, da Patrulha Maria da Penha da Guarda Municipal de Cascavel; Edineia Sicbneihler, coordenadora do Projeto “Combate à violência contra a mulher: aspectos jurídicos e psicológicos” da Univel; Daniela Cristiny de Melos, representando a Promotora Andrea Frias do Juizado de Violência, Neide Simões Pipa, presidente da Comissão das Mulheres da Ordem dos Advogados do Brasil; Susana Dal Molin, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher; Carla Carrera, representando o Núcleo de Educação; Cleuci Debiazi, da Comunidade Mãos Dadas; Kaona Sopelsa, do Grupo ‘’AIA’’, que presta apoio às vítimas de violência doméstica em Cascavel; Andréa Martelli, professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste e estudantes da Escola de saúde pública do Paraná Unioeste.

Durante a audiência pública foram apresentados os dados da violência contra a mulher no município, as medidas que estão sendo adotadas para reduzir estes índices e quais as medidas que o poder público e a sociedade podem tomar em conjunto para dar mais segurança às mulheres.

Em Cascavel, no ano de 2017, foram instaurados 1.050 inquéritos e 2.077 delitos contra a mulher foram registrados. Neste ano, até outubro, foram instaurados 931 inquéritos e mais de 750 destes foram concluídos. Aproximadamente 700 requerimentos de medidas protetivas foram expedidos, 230 autos de prisão em flagrante e 1663 delitos registrados contra a mulher em situação de violência doméstica. O inspetor da Patrulha Maria da Penha, Elias da Silva, relatou que o programa fez 846 visitas para fiscalizar as medidas protetivas e foram constatados 38 descumprimentos dessas medidas protetivas em 2018.

Foram definidos como encaminhamentos da audiência o envio de moções ao Governo do Estado, para que empenhe esforços para oferecer um novo local para a Delegacia da Mulher de Cascavel, disponha de mais efetivo para atendimento às mulheres e ainda retome os trabalhos da Câmara técnica de enfretamento à violência contra a mulher e moções ao Poder Executivo Municipal solicitando que empenhe esforços para implantação do botão do pânico, disponha de maior efetivo de guardas municipais para Patrulha Maria da Penha e efetive a criação do Centro de Referência de Atendimento Integral à Mulher em Cascavel.

Assessoria de Imprensa/CMC